Colonia e Vilões (1977)
Em 1420, enviou-se cerca de uma centena de pessoas, dirigidas por João Gonçalves Zarco, Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu Perestrelo, para iniciar o povoamento da Madeira. O arquipélago, já conhecido havia muito, foi dividido em três capitanias e os capitães donatários repartiram as terras por senhores que, por sua vez, as alugaram aos povoadores, compromisso que deu origem ao secular contrato de colonia com as suas relações semifeudais, e ultrapassaria o 25 de Abril de 1974. O filme de Leonel Brito procura analisar todo este processo ao mesmo tempo que aponta para as mudanças prometidas pela Revolução de Abril, proporcionando um enquadramento abrangente sobre a questão, em que sobressai uma forte consciência social.
realizador
Leonel Brito
designer
assinado
sim
como assina
Design Judite Cília
data
Março 1978
impressor
Casa Portuguesa
tiragem
1000 exemplares
dimensões
48 cm X 68 cm
fonte
Arquivo pessoal da designer.
n.º de entrada
019
sobre o cartaz
A imagética do cartaz deste documentário de Leonel Brito sobre a história da ilha da Madeira consiste numa ilustração tipo cartoon de um homem que parece transportar pela trela um aglomerado de vegetação verdejante, composta por dezenas (centenas?) de árvores de diversas espécies.
De monóculo, fato, chapéu-coco e guarda-chuva na mão, este é um homem inglês. Os ingleses tiveram um papel fundamental na história da Madeira, ao empossarem-se das principais matérias-primas e negócios da ilha. Nas palavras do próprio realizador, este documentário:
“Aborda, finalmente, a dominação inglesa da ilha, nos séculos XVIII e XIX, em que a Madeira se tornou um feudo britânico… Ainda hoje, os grandes negócios de hotéis, bordados ou vinhos de exportação são ingleses, até mesmo um diário. A pequena burguesia citadina, para viver e sobreviver, tem de falar inglês! O ciclo da cana-de-açúcar, do vinho e o ciclo do sol (turismo) são as grandes etapas da exploração do povo: a exploração rural e a consequente emigração.”
A ilustração revela precisamente esse domínio, com o inglês a transportar pela trela toda a ilha. Judite Cília não consegue precisar com exactidão a origem/autoria desta ilustração, mas lembra-se que a achou adequada para o cartaz e para comunicar esta vertente importante do documentário. No arranjo tipográfico recorreu à Times New Roman, com o título do filme no topo do cartaz, em caixa alta, e o bloco de créditos alinhado à direita da folha.
Destaque, ainda, para a citação em rodapé do Padre José Martins, uma das figuras centrais deste documentário, que mediou a relação da equipa de filmagens com os políticos e habitantes locais.