Cartaz para distribuição em Portugal.

Prospecto para divulgação do filme:Impresso no formato A4 (A3 aberto) a preto e branco, é possível verificar que utiliza, na capa, a imagem gráfica criada para o cartaz incluindo somente o título, enquanto na contracapa surge a fotografia que deu origem ao cartaz. O retângulo branco no fundo da contracapa servia, segundo Aboim, para a aplicação do logótipo da produtora (Prole Filmes) e contactos. No interior do prospeto, a página esquerda continha informação sobre a equipa técnica do filme e uma breve sinopse/resenha assinada por José de Matos Cruz em português, inglês e francês – à semelhança do verso do cartaz de "Gestos & Fragmentos", evidencia-se aqui novamente um programa preocupado com a exportação do filme para festivais e mercados internacionais. Já a página da direita contem uma composição de cinco fotografias focadas nos rostos e expressões de algumas pessoas ciganas.Fonte: Digitalizações gentilmente cedidas por João Abel Aboim.

Exposição (filme + fotografias) dedicada ao filme "Ciganos" no decorrer do Festival Músicas do Mundo, na Capela da Misericórdia de Sines (Julho 2019). Fonte: Facebook do FMM.

Ciganos

Neste documentário de 1979, é analisada a história e a memória da comunidade cigana que há séculos vive em Portugal e na Península Ibérica, nem sempre contando com a compreensão e aceitação da generalidade da população devido ao seu modo de vida.

Entre o campo e a cidade, o passado e o presente, as mudanças que o 25 de Abril (não) trouxe, as diferenças mas também as semelhanças que fazem desta minoria um mistério que o documentário desmistifica e aproxima do público.

realizador(a)

João Abel Aboim

designer

Isabel Martins Alves

assinado

não

data

[sem data]

impressor

[sem impressor]

tiragem

texto

dimensões

47,5 cm x 70,5 cm

fonte

Colecção Madeira Luís – Universidade de Aveiro

n.º de entrada

003

sobre o cartaz

O cartaz deste filme foi feito pela designer Isabel Martins Alves, que fora sócia fundadora do estúdio LÁPIS, Lda., juntamente com Arnaldo Aboim, pai do realizador João Abel Aboim. Em correspondência trocada com o mesmo, recorda sobre o cartaz:

“A proposta foi feita por mim no que respeita aos elementos introduzidos, texto, apresentação e fotografias. A Isabel apresentou-me a simples e bonita maquete, que aprovei. Ao mesmo tempo que o cartaz do filme Ciganos, foi feito um prospecto, de 2 folhas (4 páginas) tamanho A4, para acompanhar o filme aos festivais em que esteve presente (…) Foi também concebido pelo LÁPIS Lda.

O cartaz parte de uma fotografia tirada por João Abel Aboim durante a rodagem do filme para a criação de uma ilustração de alto contraste onde se distingue um pequeno grupo de pessoas (um homem, várias crianças, uma mulher com um bebé ao colo) em torno de uma fogueira, ladeadas por uma carroça, do lado esquerdo, e uma árvore, do lado direito. Embora estes dois últimos elementos estejam presentes na fotografia original, a sua inclusão no cartaz reveste-se de um significado especial tendo em conta o seu valor simbólico: a carroça remete para o movimento e o nomadismo, enquanto a árvore evoca a família, mas também a fixação de raízes a um local, uma dicotomia intrínseca à história desta comunidade.

Ocultando-se o título do filme, a imagem poderia dizer respeito a um qualquer grupo/família de camponeses, contudo transparece uma ideia de pobreza, opressão e melancolia pelo domínio absoluto do fundo negro e o isolamento/clausura do grupo, no topo do cartaz (a imagem apenas ocupa cerca de 1/6 da área da folha). Além do negro, as únicas duas cores presentes no cartaz são o amarelo torrado e o vermelho. Do ponto de vista da tipografia a designer recorreu exclusivamente à Helvética: o título do filme, em caixa baixa, utiliza o pontilhado para a criação de um suave degradé de laranja (vermelho) para amarelo, enquanto o bloco de créditos, alinhado pelo mesmo eixo vertical, destaca o nome dos cinco produtores já assumindo maiúsculas e minúsculas. Na base do cartaz é mencionada a companhia produtora e o financiamento do IPC. Não dizendo muito (o título do filme é bastante autoexplicativo), o cartaz opta antes por deixar que seja o espectador a preencher a grande mancha de fundo negro com as imagens que percorrem o próprio filme.