“Simultaneamente estranhos e familiares, distantes e próximos, inquietantes e sedutores, marginais e cosmopolitas, os ciganos apresentam-se envoltos numa aura de ambiguidade. Não se pode dizer que sejam invisíveis, pois dificilmente passam despercebidos.”
– Daniel Seabra Lopes, em Deriva Cigana (2008)
Tal como os ciganos, os sapos de loiça não passam despercebidos a um olhar mais atento. Balada de Um Batráquio surge assim num contexto ambíguo. Um filme que intervém no espaço real do quotidiano português como forma de fabular sobre um comportamento xenófobo.
Pode considerar-se que a irreverência da curta-metragem ‘contaminou’ também o processo de criação e impressão do cartaz oficial e dos materiais gráficos que acompanharam o filme (como postais e t-shirts), com design de Dayana Lucas e Miguel Carneiro e impressos pela Oficina Arara, no Porto.
Do ponto de vista gráfico, trata-se de um cartaz forte, que causa um grande impacto visual quer pela expressividade do sapo, quer pelo título bastante afirmativo, sugerindo que o próprio cartaz foi grafitado (as bocas dos sapos, foram de facto grafitadas com spray vermelho) ou vandalizado e evocando alguma da estética do-it-yourself e atitude ‘militante’ dos cartazes do cinema intervenção da década de 1970.