
Cartaz utilizado para a exibição em Portugal. O filme nunca teve distribuição comercial.

Fotografia utilizada no cartaz.

A realizadora Noémia Delgado, fotografada com o cartaz de "Máscaras" em plano de fundo. [s.d.]
Máscaras (1976)
Noémia Delgado rodou Máscaras entre o Natal de 1974 e a quarta-feira de cinzas de 1975 em Varge, Grijó da Parada, Bemposta, Pondence, Rio de Onor e Bragança. Centrando-se nos caretos tradicionais de Trás-os-Montes, o filme regista os rituais seculares do “Ciclo de inverno”, associados ao solstício e à iniciação à idade adulta.
Ao registar um conjunto de tradições, cujo significado e rigor na representação se estavam a diluir progressivamente no tempo, reencenando mesmo algumas delas, Noémia Delgado fará muito pela recuperação e revitalização dessas mesmas tradições das “terras de feição ainda arcaizante do Nordeste Trasmontano”, como introduz a voz de Alexandre O’Neill, com quem foi casada.
realizadora
Noémia Delgado
designer
Alda Rosa e José Brandão
como assinam
sim
assinado
“Design Alda Rosa • José Brandão”
impressor
Oficina Gráfica Manuel A. Pacheco
dimensões
70 cm X 100 cm
fonte
Arquivo pessoal de José Brandão
n.º de entrada
012
sobre o cartaz
O filme encerra com a reconstituição de uma tradição já perdida à época da filmagem do documentário: as máscaras da Morte e do Diabo saíram novamente às ruas de Bragança, na Quarta-feira de Cinzas.
Personagens de um passado distante que haviam sido afastadas das comemorações da Semana Santa, a Morte deambulava pela cidade, enquanto o Diabo (no documentário surgem pelo menos dois) perseguia jovens raparigas para as chicotear. Foi uma fotografia destas duas entidades que serviu de imagética para o cartaz, tendo sido recortados os seus contornos e justapostos sobre uma casa rural como fundo.
O roxo foi escolhido como cor de fundo enquanto o vermelho foi utilizado como cor do título, utilizando a fonte humanista Antique Olive (peso Compact), desenhada por Roger Excoffon (1910-1983) para a Fonderie Olive (1962). Crê-se que a escolha não terá sido arbitrária: nas cores dos paramentos litúrgicos da Igreja Católica, o roxo é utilizado durante o período da Quaresma (que vai da Quarta-feira de Cinzas ao Domingo de Ramos, uma semana antes do Domingo de Páscoa), enquanto o vermelho é utilizado no Domingo de Ramos e na Sexta Feira Santa, datas intrinsecamente ligadas com a tradição das máscaras.