
Cartaz utilizado para a estreia comercial do filme em Portugal.

Frente e verso do programa do filme distribuído no Cinema Apolo70. Fonte: Memoriale: Cinema Português.

Postal com reprodução do cartaz, editado pela Fundação de Serralves.
Benilde ou a Virgem Mãe (1975)
Portugal, anos 30 do século XX. A misteriosa gravidez de Benilde – uma jovem que vive com o pai, no seu isolado solar do Alentejo – levanta, entre os convivas, um misto de espanto e suspeição. Tanto mais que ela atribui, ao facto, uma interferência sobrenatural…
realizador
Manoel de Oliveira
designer
João Abel Manta
assinado
sim
como assina
J.A.M.
data
Março 1975
impressor
Ideográfica
tiragem
250 exemplares
dimensões
49 cm X 69 cm
n.º de entrada
017
sobre o cartaz
A imagética do cartaz assenta na dicotomia entre o plano terreno e o divino: Abel Manta justapõe o ruído e a sujidade de uma terra árida e inóspita – como o foram as reações de todas as personagens, que mesmo professando a sua fé em Deus se recusavam a acreditar que um milagre pudesse por Ele ter sido operado através da gravidez da rapariga – com a delicadeza dos drapeados do vestido de alguém que se liberta dessa mesma existência terrena, simbolizado Benilde. O domínio do negro poderá também ser uma alusão ao luto da sua morte anunciada, nos últimos momentos do filme, um desfecho trágico ao qual este cartaz oferece alguma esperança redentora: o corpo de Benilde poderá ser sepultado, mas a sua alma – desprovida do pecado original que todos lhe querem apontar – ascenderá ao céu.
A única tipografia utilizada é o Times New Roman: o nome da protagonista é escrito em caixa alta e o “subtítulo”, que surge em jeito de questão, em caixa baixa; no rodapé do cartaz apenas se identificam o realizador e a obra teatral que esteve na origem do filme, bem como a produção da Tobis/CPC.
Aquando da exibição no cinema-estúdio Apolo 70, em Lisboa, onde o filme estreou a 21 de Novembro de 1975, foi impresso um programa de seis páginas (dimensões 12 cm X 22,5 cm) que incluiu notas biográficas de José Régio e Manoel de Oliveira, uma breve entrevista com o realizador, a sua filmografia e uma nota de intenções relativa ao filme, assim como a respetiva ficha técnica. O programa – disponível para consulta na página do filme no site Memoriale de Jorge Leitão Ramos – apresenta na sua capa a mesma imagem gráfica do cartaz. Inaugurado a 27 de Maio de 1971, e integrado na drugstore Apolo 70, na Avenida Júlio Dinis, esta sala de cinema era dirigida por Lauro António, crítico de cinema e realizador, e imprimia semanalmente programas, folhetos e cartazes com o objetivo de anunciar os filmes em exibição onde transparecia uma particular atenção ao design gráfico de cada artefacto.